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VISITA À SERRA DA LOUSÃ NO ÂMBITO DA AGENDA TRANSFORM
09/04/2025
VISITA À SERRA DA LOUSÃ NO ÂMBITO DA AGENDA TRANSFORM
A ESAC - Escola Superior Agrária de Coimbra, em parceria com a Forestis, promoveu ontem uma visita técnica a parcelas de uma área demonstrativa localizada na Serra da Lousã. Foi uma oportunidade para observar no terreno a aplicação de um modelo de silvicultura de espaço contínuo. Este modelo baseia-se na convivência de múltiplas espécies florestais no mesmo território, promovendo a resiliência dos ecossistemas, a diversificação produtiva e a conservação da biodiversidade.
Os povoamentos visitados são de composição mista de resinosas e folhosas, integrando espécies como Pinus nigra, Pinus sylvestris e Pinus pinaster (bravo). Entre estas, no primeiro povoamento visitado, o Pinus nigra demonstrou melhor adaptação às condições edafoclimáticas da região, registando uma produção média de 10 m³ por ha. Por outro lado, o Pinus sylvestris apresentou menor produtividade, cerca de 7 m³ por ha, sendo ainda mais vulnerável a fatores climáticos adversos, e em sítios mais expostos aos ventos (tempestades), apresentou quebras entre 50% e 60%.

Destaca-se igualmente a presença das espécies Chamaecyparis lawsoniana e da Pseudotsuga menziesii, que evidenciaram um acréscimo medio significativo, estimado em 22 m³/ha/ano e 20 m³/ha/ano respetivamente, com um volume em pé de pouco mais de 1000 m³ por ha, no povoamento visitado. Estas espécies, inicialmente introduzidas com fins de produção lenhosa, mostraram uma excelente adaptação aos solos da região, caracterizados por uma boa capacidade de ancoragem, bem como ao microclima específico da Serra da Lousã.
A diversidade dos povoamentos é enriquecida por espécies, tanto exóticas como autóctones. Entre as exóticas, salientam-se o Cipreste-de-Lawson (Chamaecyparis lawsoniana), o Abeto-de-Douglas (Pseudotsuga menziesii), o Castanheiro-do-Japão (Castanea crenata) e o Carvalho Americano (Quercus rubra), todas elas bem adaptadas ao contexto local e com interesse para a produção de madeira de qualidade. No que respeita às espécies autóctones, foram observados povoamentos de Carvalho Alvarinho (Quercus robur), de Castanheiro (Castanea sativa), de Pinheiro bravo (Pinus pinaster) e os já referidos de Pinus sylvestris, contribuindo para a valorização dos ecossistemas naturais e para o reforço da resiliência florestal.
O microclima da região tem favorecido o desenvolvimento saudável destas espécies, verificando-se igualmente uma elevada presença de líquenes, fungos e musgos, importantes indicadores de qualidade ambiental e equilíbrio ecológico.
No domínio da inovação tecnológica, a visita permitiu acompanhar a demonstração de novas ferramentas aplicadas à gestão florestal. A utilização de drones revelou-se uma mais-valia em atividades como o inventário florestal, a análise fitossanitária e a caracterização da área. A geolocalização de pontos específicos do terreno, aliada à criação de modelos digitais do terreno e da superfície, contribui para um planeamento mais rigoroso e eficiente. Neste contexto, a tecnologia LiDAR destacou-se como uma solução promissora para responder aos desafios dos inventários florestais em povoamentos mistos e de difícil acesso.
Esta iniciativa na Serra da Lousã reforça a importância da integração entre diversidade florestal, conhecimento técnico e inovação tecnológica, como caminho para uma silvicultura mais sustentável, adaptativa e alinhada com os desafios atuais e futuros da floresta portuguesa.